Notorious B.I.G

Criado por sua mãe em Bedford-Stuyvesant, distrito do Brooklyn, Christopher Wallace começou querendo ser um artista gráfico, mas como acontece muito na periferia, preferiu ouvir o chamado das ruas. Aos 17 anos ele havia saido da escola para poder se dedicar 24 horas por dia ao seu novo trabalho, vender crack. As vezes tirava um tempo para rimar em algumas casas com alguns de seus parceiros do The Old Gold Brothers. Após cumprir 9 meses em Carolina do Norte por tráfico, Wallace voltou pra casa e gravou uma fita demo, embora não tivesse a intenção de se tornar um músico, a fita começou a correr pra todo lado e gerou um certo interesse na East Coast. Com a ajuda do DJ Mister Cee, de Big Daddy Kane, a fita foi parar na revista The Source, e foi o Unsigned Hype do mês (tipo uma premiação para os rappers que não tem contrato e querem ser ouvidos).

De alguma forma essa fita acabou nas mãos do A&R da Uptown Records, Sean Puffy Daddy Combs, que imediatamente assinou com Wallace. Nas semanas seguintes ao contrato, Puffy Daddy colocou o jovem rapper (agora batizado de Notorious B.I.G.) para trabalhar em vários projetos de remix, onde havia músicas com Mary J. Blige, Neneh Cherry e Super Cat. Após dar o primeiro passo com Biggie, ambos Puffy e Biggie sairam da Uptown Records; Puffy criou a Bad Boy Entertainment e trouxe seu amigo como um dos primeiros rappers da gravadora. Party & Bullshit, uma contribuição á trilha sonora de The First Hip-Hop Whodunnit Who’s The Man (1993) adicionou mais ao alarde sobre seu nome e fez com que o seu primeiro album Ready To Die rapidamente subisse nos quadros da Billboard.
Uma abertura de turnê no Reino Unido para R. Kelly e uma aparição na History - Past, Present And Future Book 1 de Michael Jackson foi o necessário para cimentar sua posição na indústria da música.
Seguindo o sucesso de Ready To Die, Notorious juntou alguns amigos de seus dias de correrias e criou o Junior M.A.F.I.A. lançando o album Conspiracy com o grupo em 1995. Naquele periodo ele estava mais voltado a ajudar a alavancar as carreiras de seus parceiros, como Lil Kim, e sua nova esposa, a cantora de Soul Faith Evans. No ano anterior, os aspectos negativos da fama começaram a aparecer quando a treta com seu antigo amigo Tupac Shakur foi aumentando após Shakur afirmar que Biggie estava envolvido no atentado ao rapper, que quase tirou sua vida; essa treta já vinha de suas gravadoras. Tupac tinha acabado de assinar com a Death Row, que pertencia a Suge Knight, que era um antigo inimigo de Puff Daddy, logo a treta entre os dois rappers se transformou em uma rivalidade entre as cenas raps da West Coast e da East Coast. Biggie também gerava muitas noticias negativas devido ao grande número de crimes cometidos nessa época, agressões, posse de armas, posse de drogas, crimes cometidos por ele e por alguns membros do Junior M.A.F.I.A. Quando começou a trabalhar em seu segundo album ele queria se focar mais na música do que nos seus escândalos pessoais.
No dia 4 de Março de 1997, Notorious B.I.G. estava presente na rádio no programa KMEL’s Breakfast Club e deu a sua última entrevista. Estava bastante otimista e alegre. B.I.G estava num bom espirito e demonstrava muito otimismo sobre ele mesmo. O rapper dizia que estava pronto para tomar o mundo do Rap de assalto. Falava sobre como tinha trabalhado duro em seu album que estava para sair, “Life After Death”. O album foi gravado num periodo de 9 meses. Biggie falava de forma intensa da importância de ter colocado Deus em sua vida…
“Muitas pessoas ficam surpresas de ouvir alguém como eu dizer isso… eles acham que isso faz de mim um comédia”, disse Biggie… “Mas se Deus está com você ninguém pode ir contra você… não existe pessoa mais forte que Deus”. Ele disse que foi seu amigo e empresário, Sean “Puffy Daddy, P. Diddy, Diddy” Combs quem introduziu este antigo traficante a vida religiosa. Era um Biggie que poucos tinham visto ou ouvido. Parecia um Biggie que havia amadurecido…
Na rádio, em sua última entrevista, era um Biggie que falava enfaticamente sobre o inferno que houvera passado por causa da guerra civil entre East Coast e West Coast dentro do Hip-Hop. Ele falou francamente e muito sério sobre como era estar no meio de toda essa situação… B.I.G. falava aos telespectadores que a maioria das pessoas não entendia o relacionamento entre ele e 2Pac. Ele dizia que ele e Pac eram somente dois rappers e que muitas coisas atingiram proporções monstruosas devido a midia. No entanto, deixou um clima de mal estar no ar. Quando perguntando diretamente se teria tido alguma ligação com a morte de 2Pac Shakur, respondeu “Eu não sou tão poderoso assim ainda”. O entrevistador perguntou mais uma vez e ele respondeu da mesma forma. Ele não deu enfâse na resposta, bastava ter dito um NÃO. Era como se Biggie quisesse manter um mistério sobre esse assunto. Como se ele quisesse que as pessoas pensassem que ele de alguma forma seria capaz de osquestrar um crime tão odioso. Pessoalmente falando não era a coisa certa a se fazer… considerando que haviam muitas pessoas sofrendo e de alguma maneira tentando ligá-lo a morte de 2Pac Shakur. Sem mencionar que ele deu essa entrevista na West Coast, no Wake Up Show em Los Angeles, uma semana antes de morrer…algumas perguntas pairam no ar… por que ele chegou até esse ponto? Por que não acabar de uma vez por todas com esse rumor?
Notorious B.I.G. estava em uma festa após o Soul Train Music Awards. A festa foi patrocinada pela Vibe Magazine no Automotive Museum no centro de Los Angeles, e Biggie estava presente com uma caravana de umas 30 pessoas, incluindo Lil Ceaser, Lil Kim, Puffy Daddy e outros. Muitos dizem que Biggie estava dando uma de patrão, andando com roupas e acessórios de gangstas, inclusive fazendo sinais no meio da rua de dentro do carro, e demonstrando pouco interesse com sua segurança em Los Angeles. Biggie e a maioria da sua caravana estava em LA há algumas semanas promovendo seu novo álbum. Para os que o viram por lá, a presença de Biggie em Los Angeles indicava que tudo estava tranquilo e que não havia mais treta entra a Death Row e Bad Boy. Essa idéia foi reforçada depois do encontro de Snoop Dogg e Puffy Daddy no Steve Harvey Show. Muitos achavam que tudo estava tranquilo…mas algumas pessoas dentro da indústria diziam que não era bem assim.
Nas ruas diziam que havia um grande número de individuos furiosos com Biggie… Sua presença visivel em Los Angeles foi visto por muitos como um tapa na cara de 2Pac. As pessoas que tinham esse sentimento talvez fossem poucas, mas não eram nem um pouco menos perigosas, Biggie deveria ter se preocupado mais com sua segurança, levando-se em conta onde ele se encontrava…
O tiroteio começou quando Biggie saia da festa do Soul Train Music Awards, enquanto ele estava em seu Suburban. Ele estava indo para a rádio 92.3 The Beat para fazer uma entrevista. Lil Ceaser estava com ele no carro, mas não se feriu. Ao lado estava o veiculo com Foxy Brown… o para-brisas do veiculo se despedaçou… Após o tiroteio muitos rappers de Nova Iorque ficaram assustados. A maioria saiu de Los Angeles no outro dia, ao contrário do que estava programado. Nas ruas se falava “rappers de Nova Iorque, cuidado”…
O resultado dessa tragédia deixou muitos na comunidade Hip-Hop chocados e desesperados. Rumores imediatamente começaram a aparecer. Começaram a citar DJ Quik como responsável, pois ele tinha tido uma intensa discussão com Biggie naquela manhã em uma rádio, e os rumores começaram a correr por toda Bay Area. Outros diziam que Suge Knight era o cerébro por trás do tiroteio. Era uma mensagem dele de dentro da cadeia (ele foi condenado a 9 anos por espancar Orlando Anderson na noite do atentado a 2Pac) para Biggie e para todos, demonstrando que ele continuava no controle mesmo estando atrás das grades. Outra era a de que Puffy teria mandado matar Biggie, ele estava pra lançar o album em 2 semanas, quer promoção maior que essa? Outros dizem que Biggie foi assassinado pelos Crips de Los Angeles porque Biggie se recusou a pagar o combinado por eles terem matado 2Pac (uma das teorias da morte de 2Pac). Outros dizem que foi uma coisa da Mafia. E outra teoria mais deplorável ainda é a de que foi de alguma forma conectado a 2Pac… talvez ele mesmo, se você acredita que ele ainda continua vivo. Ironicamente Biggie foi morto 2 semanas antes de lançar seu album assim como 2Pac Shakur… E foi exatamente 6 meses e 1 dia após a morte de 2Pac.
Após os tiroteios diziam que haveria retaliação da East Coast, e que rappers como Ice Cube e Mack 10 seriam os primeiros da lista. Mas pelo tiroteio ter ocorrido na frente de várias pessoas ligadas a indústria da música, inclusive outros músicos, e Biggie ser o único alvo, muitos rappers se recusam a falar sobre o assunto…
O sentimento nas ruas da Bay Area era de frustração. Muitos chateados com a situação que ficou totalmente fora de controle. Muitos pediam por mudanças imediatas, e outros comemoravam a morte de Biggie dizendo que era a revanche pela morte de 2Pac. “Agora os malucos da East Coast vão sentir o mesmo” era o que mais se ouvia. Em San Francisco, distrito de Fillmore havia pessoas bebendo e fazendo festas pelo fato de Biggie ter sido baleado. As coisas ficaram meio complicadas. O triste de tudo isso é que Biggie deixou pra trás duas crianças, uma esposa e sua mãe.
Duas semanas depois de sua morte, o album Life After Death foi lançado, e imediatamente ocupou a primeira posição nas paradas. Uma coleção de músicas deixadas para trás pelo rapper foi remixada originando um outro CD, intitulado “Born Again” em 1999. Notorious B.I.G. - The Final Chapter, foi o último álbum de Notorious B.I.G…

 


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